A cerimônia em que foram sorteados os grupos do
Campeonato Paulista de 2015, na segunda-feira, mostrou novos sinais do
descompasso entre as ideias dos cartolas e a realidade do esporte no país. Além
de limitar o número de atletas inscritos no torneio a 28 por equipe, em uma
clara tentativa de impedir que os clubes grandes escalem equipes mistas ou
reservas, a entidade presidida por Marco Polo Del Nero, futuro presidente da
CBF, manteve o preço mínimo de 40 reais por ingresso em todas as partidas da
competição, seja na capital ou no interior, uma medida já utilizada – sem
sucesso, diga-se – na edição deste ano. Apesar de estar mais esvaziado e
desinteressante a cada ano que passa, o Paulistão se mantém como o campeonato
mais caro do Brasil, com bilhetes mais salgados até do que os do Campeonato
Brasileiro ou da Copa do Brasil, que não estabelecem preço mínimo para as
entradas. Neste ano, o Campeonato Paulista teve média de público de 5.675
torcedores por partida – a maior entre todos os Estaduais, mas ainda assim muito
baixa. Com o ingresso mínimo a 40 reais (20 reais a meia-entrada), as equipes do
interior sofreram para levar mais de 3.000 pessoas a seus estádios, apesar de o
torneio ser o único em que suas cidades têm a chance de receber os quatro
grandes do estado. Nem mesmo o surpreendente campeão Ituano lotou sua casa: teve
média de apenas 4.856 torcedores por jogo, apesar de a cidade de Itu ter quase
150.000 habitantes. Nos outros grandes Estaduais do país, os preços são bem
inferiores: no Rio, não há limitação do preço dos ingressos, e em Minas e no Rio
Grande do Sul, o valor não passa de 20 reais. É verdade que esses campeonatos
também apresentam médias de público ridículas – o Campeonato Carioca levou 2.828
pessoas, em média, aos estádios –, mas os torcedores se livraram pelo menos dos
preços abusivos nas bilheterias.